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Manaus sonha com a pavimentação da BR-319

Conclusão de trecho de 370 quilômetros no miolo da floresta dá integração via terrestre da capital amazonense ao restante do Brasil

A conclusão da pavimentação das rodovias BR-319 e BR-163 é uma reivindicação não só do empresário, mas tem o engajamento de toda a sociedade da região amazônica por se tratarem de obras importantes para toda a comunidade. A opinião é do empresário Irani Bertolini gaúcho de nascimento, mas radicado há muitas décadas em Manaus e dono de uma das maiores empresas de transporte e logística do Brasil. “A conclusão dessas duas estradas tiraria os amazonenses do isolamento, já que hoje só chega a Manaus por barco ou avião”, afirmou. “Além disso, o tempo de escoamento de mercadorias produzidas na Zona Franca e no Pólo Industrial de Manaus vindas de outras partes do País ganharia maior rapidez, diminuindo custos para os transportes e dinamizando a economia da região”.

Apesar do empenho pessoal do ex-presidente Lula e de contar com o apoio da presidente Dilma Roussef, a liberação do asfaltamento de um trecho de 370 quilômetros no miolo da BR-319 ainda depende da concessão de licenças ambientais. A obra também tem empenho do governador do Amazonas, Omar Aziz, que busca novas formas de desenvolvimento sustentável que garantam o avanço do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para a região amazônica. A região que corresponde a 60% do território brasileiro representa apenas 8% do PIB nacional.

A solução para atender os críticos da conclusão da via tida como prioritária para Manaus foi o desenvolvimento do conceito de rodovia-parque na BR-319, com um novo modelo de ocupação estatal na Amazônia, preservando a fauna e a flora da região ao se tomar cuidados para evitar a migração e ocupação desordenada da floresta.

A licença custa a sair em razão das divergências de opiniões entre o setor produtivo e ambientalista, como o ecólogo americano Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que considera a conclusão da pavimentação, “desastrosa” para a Amazônia. Para o ambientalista, respeitado internacionalmente por seus estudos sobre aquecimento global, a rodovia, que no passado já foi totalmente asfaltada em sua extensão de 880 quilômetros, causaria degradação nas partes central e norte da Amazônia, Por meio de estradas que incentivariam, com conseqüentes danos ambientais e de grandes proporções no miolo da região.

A BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), já conta com boa parte das obras de construção e revitalização concluídas, mas o desenvolvimento da construtora Delta no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira colocou novos pontos de interrogação sobre a finalização dos trabalhos. Novos processos de licitação deverão escolher outras empreiteiras para terminar a obra, contratada via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (Dnit).

“Quando a BR-163 for concluída, a viagem entre Pará e Manaus, que atualmente leva até cinco dias de barco poderá ser diminuída em dois dias”, afirmou Bertolini, que opera com diversos tipos de embarcações, na ligação da capital do Amazonas com o restante do País. “Não é só os operadores de transportes que sofrem com isso, mas todas as pessoas que precisam se deslocar na região”, ressaltou.

O pesquisador Fearnside afirmou que a BR-319 não é vital para a economia de Manaus, muito menos para a sobrevivência da capital. De acordo com ele, é até 19% mais barato levar produtos das fábricas de Manaus para São Paulo usando o sistema atual de barcas e rodovia do que pela BR-319. Para o ambientalista, seria mais vantajoso investir em um porto melhor, por exemplo, e levar a carga em contêineres por navios oceânicos, via cabotagem, até Santos. “Isto seria 37% mais barato que o sistema atual segundo estudo feito por pesquisadores”, declarou ele.

A solução da rodovia-parque na BR-319 prevê a colocação de telas de proteção cercando dos dois lados da pista no trecho crítico de 370 quilômetros, além da instalação de passarelas e túneis para a passagem de animais silvestres. As passagens de fauna têm a finalidade de evitar o atropelamento de animais. Elas foram indicadas pelo Programa de Monitoramento de Fauna desenvolvido pelo DNIT e incorporadas para atender condicionante estipulada em TAC (Termo de Ajuste de Conduta) firmado entre o Dnit e o Ibama para empreendimentos rodoviários na BR-319 no estado do Amazonas. Ao utilizar o conceito de rodovia-parque, que o governo tenta evitar a ocupação da região central da Amazônia, preservando a floresta.

Por mais que tinham tido empenho das várias esferas de governo, a autorização definitiva das autoridades ambientais ainda não foi dada para a conclusão da BR-319, que pelo cronograma do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deveria estar concluído em 2013. “Alguém que queira sair de carro hoje de Manaus tem de colocar o veículo em uma balsa e se dirigir, geralmente, para Belém. Não podemos mais conviver com esse isolamento”, afirmou o empresário Bertolini.

A cheias nas região amazônica no mês passado revelaram com a natureza interfere na operação da BR-319, principalmente no estado do Amazonas, na saída de Manaus. A rodovia apresentou vários pontos de alagamento por causa do período chuvoso na região Norte. Em alguns pontos, o espelho d’água de 40 centímetros de profundidade levou perigo para o trânsito de veículos leves.

O Exército Brasileiro também participou do trecho de recuperação do trecho na região de Porto Velho e, quando a estrada for liberada para conclusão, a manutenção e conservação da rodovia ficarão a cargo dos militares. A BR-319 tem um traçado diagonal na Amazônia Ocidental. Oitocentos e cinqüenta e oito dos seus 880 quilômetros estão localizados no Amazonas.

A BR-319 foi inaugurada em 1973 durante o regime militar, dentro do contexto de colonização da Amazônia. Alguns anos depois a rodovia se tornou intransponível na prática. Por esse motivo, as margens da rodovia sofrem menos com grilagem da Amazônia.

Alguns anos depois a rodovia se tornou intransponível na prática. Por esse motivo sofrem menos com grilagem e o desmatamento do que outras partes da Amazônia, mas por outro lado o acesso a Manaus tem que ser feito por barco ou avião, não havendo serviço regular de ônibus entre Manaus e a maior parte do País. O percurso de barco entre Porto Velho e Manaus leva cerca de quatro dias.

Em 2005, o governo federal anunciou a recuperação da BR-319. As obras começaram em novembro de 2008, com duas frentes de trabalho partindo dos extremos da rodovia. De acordo com pesquisadores e críticos de ações governamentais sem precedentes na Amazônia, levarão ao desmatamento e ocupação desordenada do entorno da rodovia.

A recuperação do trecho intermediário de 370 quilômetros da BR-319, entre o km 250 e km 655,7, foi submetida a um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) executado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e finalizado no início de 2009. A avaliação positiva do EIA pelo IBAM permitirá a emissão das licenças ambientais para o início das obras. No entanto, devido a inconsistências no estudo, o processo de licenciamento encontra-se paralisado.

TURISMO – Outra importante rota que deverá dinamizar a economia do Amazonas é a BR-174, rota que liga Manaus a Roraima. A via também dá acesso ao Caribe venezuelano e já tem campanha do Ministério do Turismo para levar brasileiros ao país vizinho e atrair estrangeiros para região Norte do Brasil.

Um dos objetivos é que a BR-174 se torne um roteiro internacionalizado, pois está prevista sua integração com o lado venezuelano. Com isso, turistas europeus e americanos que visitam a savana da Venezuela possam também passar pelo Brasil. Ao longo dos seus 992 quilômetros de extensão, a rodovia passa pelo marco da Linha do Equador, o Parque Nacional do Viruá, a Praia Grande, em Boa Vista, a Serra do Tepequém, em Amajarí, e o Monte Roraima, em Pacaraíma, além de atravessar reservas indígenas e comunidades rurais.

Cachoeiras, corredeiras, grutas e cavernas e ainda a reserva indígena dos waimiri-atroari também estão incluídas no roteiro. Um dos atrativos e os segmentos turísticos explorados dentro da Rota 174, tanto no mercado nacional e internacional, são ecoturismo, aventura, observação de pássaros, turismo científico e antropólogo.





Votuporanga, 23 de Julho de 2012


Fonte: Revista Transporte Moderno , Ano 49 Nº 453 - Wagner Oliveira




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